Por Maurício Palma Nogueira
O IBGE anunciou um rebanho de 234,4 milhões de cabeças para 2022, por meio da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM).
Era esperado que o rebanho da PPM/IBGE viesse acima das 230 milhões de cabeças, conforme antecipado pela recente divulgação do rebanho no relatório de controle da febre aftosa, emitido pelo MAPA.
No entanto, de acordo com o critério sugerido pela Athenagro, o rebanho médio nacional em 2022, atualizado com os novos dados da PPM, seria de 207 milhões de cabeças, ou 27,3 milhões de cabeças a menos do que o número absoluto apontado pela PPM.
A Athenagro sugere duas metodologias a partir da base censitária. A primeira considera apenas a variação anual do rebanho pelos números da PPM a partir do censo, chegando a um total de 192 milhões de cabeças. A segunda inclui 50% do abate da pesquisa trimestral e atinge 207 milhões de cabeças.
Em ambos os casos são usados os dados da PPM. A diferença é que, ao invés de partir do número absoluto da PPM, parte-se da base censitária para o ano de 2017. Sendo assim, na prática, a Athenagro apenas aplica a variação do rebanho da PPM sobre os dados do Censo, município a município.
Com base nos números divulgados pela PPM, o rebanho estimado pela Athenagro mudou em relação ao divulgado até o momento. Enquanto o rebanho total aumentou cerca de 4,8 milhões de cabeças em comparação com a estimativa anterior (de 202,8 milhões), o rebanho comercial recuou 2,8 milhões de cabeças em relação ao número anterior (162,8 milhões).
Essa aparente contradição se deve ao critério de cálculo usado com base nas informações históricas levantadas pelo Rally da Pecuária e pela correlação com o rebanho total.
Ainda que ocorram as esperadas mudanças nos números à medida que estatísticas oficiais vão sendo divulgadas, as conclusões permanecem.
A participação do rebanho comercial em relação ao total vem aumentando, o que é reforçado pelo aumento na quantidade de bezerros desmamados em relação a fêmeas.
Nos últimos anos, com o estímulo da alta nos preços, praticamente todo o crescimento do rebanho foi explicado pelas fazendas com foco em vendas de animais para abate, nos diferentes níveis de tecnologia.
Maurício Palma Nogueira é engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária