A Pecuária Brasileira em Intensificação

Apesar de ser pouco reconhecida, a produtividade da pecuária brasileira é bem acima da média mundial. O mundo produz cerca de 1,3 arroba/ha/ano, enquanto o pecuarista brasileiro consegue 4,5 arrobas/ha/ano, produtividade que é considerada baixa pelos padrões dos próprios brasileiros. Cada arroba são 15 quilogramas de carcaça, ou seja, apenas a soma de carne e osso. Em média, o peso vivo de um animal é quase o dobro do peso da carcaça.

Se o Brasil produzisse com a mesma tecnologia média adotada no mundo, seriam necessários 565 milhões de hectares para produzir a quantidade atual de carne. Hoje a pecuária ocupa 162 milhões de hectares, ou 19% da área total do País.

Recentemente, depois de finalmente aceitarem o aumento da produtividade média na pecuária, alguns ambientalistas tentaram capitalizar suas ações vendendo a ideia de que o ganho teria ocorrido a partir das pressões ambientais dos últimos anos. No entanto, o grande driver para a intensificação da pecuária é de ordem econômica e tem o seu início a partir da consolidação do plano Real.

De agosto de 1994 até março de 2019, o custo de produção de um boi gordo em ciclo completo (cria-recria-engorda) aumentou 1.100% em valores nominais. Os preços pagos pela arroba bovina aumentaram 550%.

A inegável queda nas margens leva os produtores a buscar escala, aumentando as vendas por hectare. Essa busca é intuitiva e independe de estudos econômicos ou rigorosos controles financeiros. Nesse processo, a pecuária brasileira assistiu a um boi gordo sair das 16,4 arrobas, em média, para 18,8 arrobas em 20 anos. Os animais chegam a esse peso mais jovens e ocupam áreas menores do que ocupavam há 20 anos.

Entre o início dos anos 1990 e 2018, a produtividade brasileira saiu de 1,6 arroba/ha/ano para as atuais 4,5 arrobas/ha/ano. O aumento da tecnologia no período evitou que 250 milhões de hectares fossem desmatados. O ganho de produtividade é incontestável.

E, por ora, nada indica que o processo de intensificação venha a cessar. Um produtor de alta tecnologia que produza cerca de 30 arrobas/ha/ano reúne condições de crescer mais rapidamente. O raciocínio é simples. Nessa faixa de produtividade, o pecuarista poderia receber até R$ 25 a menos por arroba que ainda registraria o mesmo lucro que o produtor de média tecnologia (4,5 arrobas/ha/ano) consegue obter.

Como o mercado responde à oferta e à demanda, ao longo dos anos a tendência é de que os preços se ajustem à pecuária mais intensiva. Ou os produtores se adaptam, aumentando o pacote tecnológico, ou acabam saindo do mercado por não suportarem produzir a custos mais elevados do que os preços. Em ambos os casos, os indicadores médios de produtividade acabarão aumentando.

Fonte da Notícia
Plant Project – Coluna ESALQUEANOS/Em parceria com a Adealq

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