Em 2018, o PIB da pecuária de corte foi R$597,2 bilhões, total movimentado na soma de todos os elos da cadeia produtiva. O cálculo é feito pela Athenagro, com base nos indicadores de produção e preços de mercado, desde insumos e serviços para as fazendas até as vendas dos produtos no varejo. Para cada Real faturado com a venda de animais para abate, outros R$6,00 circularam em algum ponto da cadeia produtiva.
E a importância da cadeia produtiva não para por aí. Outras indústrias serão movimentadas com os subprodutos da indústria de carne bovina. Pelo critério adotado, por exemplo, subprodutos como couro, sebo e outros derivados do abate entram apenas como faturamento da indústria frigorífica, quando, na verdade, irão participar da renda de outras indústrias, como a automotiva, vestuários, gelatinas, indústria farmacêutica etc. No entanto, é preciso estabelecer um critério para se identificar até que ponto determinado movimento será atribuído a cada cadeia produtiva. Optamos por essa limitação.
No total, considerando serviços nas fazendas, indústrias e varejo, cerca de R$60 bilhões são dedicados aos salários e encargos de funcionários contratados ou terceirizados formalmente. Não entram no cálculo os funcionários e serviços contratados na indústria de insumos, antes da porteira.
Outros R$35,4 bilhões em salários foram estimados como geração em efeito-renda. Ou seja, a quantidade de empregos mantidos pelos recursos que os funcionários e empresários despejam nas economias locais, movimentando o comércio. Estão aí os postos de gasolinas, supermercados, restaurantes, motoboys, lojas etc. Por ser uma estimativa com base em estudos de efeito renda, esse montante não está incluso na totalização do PIB da Pecuária, mas trata-se, sem dúvida alguma, de empregos que dependem dessa movimentação.
Ainda é possível estimar a geração de R$92,5 bilhões em impostos e contribuições diretas do setor.
A pecuária está crescendo e se consolidando numa posição de maior aporte tecnológico. Enquanto o PIB do Brasil cresceu 1,1% em 2018, o PIB da pecuária de corte aumentou 8,3%, movimentando R$45,7 bilhões a mais do que o registrado no ano anterior.
A relação entre faturamento nas unidades de produção e movimento em outras etapas da cadeia produtiva deve melhorar nos próximos anos. Isso se deve ao processo de tecnificação que vem elevando os níveis médio de produtividade na pecuária. Em 2018, a produtividade aumentou 9,7% na produção pecuária.
O ganho do produtor vem em escala de produção por área. Em dez anos, a área de pastagens se reduziu 10,8%, enquanto a produção de carne aumentou 18,2%. Há um ganho incontestável do ponto de vista econômico e ambiental. Mas há uma perda social no processo. Estima-se que a degradação das pastagens custe, anualmente, cerca de R$9,5 bilhões aos produtores. Deste total, apenas 45% é perda de patrimônio na forma de redução das áreas de pastos por dificuldade no controle do processo de degradação. Trata-se daquela área que inicia o processo de regeneração com a lenta recuperação da vegetação nativa.
Por serem problemas mais urgentes e críticos, em termos de sustentabilidade, o impacto social deve ser a maior preocupação do setor. O que fazer com as inúmeras famílias que estão sendo excluídas durante o processo de intensificação? Trata-se de um considerável desafio a ser equacionado durante o desejável e bem-vindo processo de modernização na produção de carne.